Paraíba

Após jovem morrer ao invadir recinto da leoa, MPPB cobra esclarecimentos sobre supostas irregularidades na Bica

Após jovem morrer ao invadir recinto da leoa, MPPB cobra esclarecimentos sobre supostas irregularidades na Bica


PARAIBA.COM.BR

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) cobrou, nessa quarta-feira (3), que diversos órgãos públicos apresentem, em até 15 dias, informações detalhadas sobre irregularidades estruturais, sanitárias, ambientais e de bem-estar animal no Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa.
A medida integra um procedimento instaurado após denúncias de manejo inadequado, risco ambiental e falhas de segurança.

O pedido ocorre após um relatório da Sudema, elaborado em setembro, identificar falhas graves no zoológico, incluindo contaminação hídrica, infiltrações severas, degradação de recintos, manejo inadequado de resíduos e apenas 4 das 32 câmeras funcionando, o que afeta diretamente a proteção dos animais e dos visitantes.

Denúncias e omissão de respostas

O procedimento foi aberto no ano passado a partir de denúncias do Núcleo de Justiça Animal da UFPB (Neja/UFPB).
O promotor Edmilson de Campos Leite Filho afirmou que a Semam-JP não respondeu às solicitações anteriores do Ministério Público, mesmo após reiterados pedidos.

Em novo expediente, o Neja comunicou agravamento das irregularidades, como o furto de duas araras-vermelhas avaliadas em R$ 60 mil, a morte de um cateto, e relatos de insegurança interna e negligência generalizada no manejo da fauna.

Vistoria da Sudema confirma risco ambiental e falhas sistêmicas

A Sudema realizou uma vistoria multidisciplinar em agosto e apontou, entre outros problemas:

  • Rede de esgoto antiga, infiltrada e sem manutenção.

  • Resíduos sólidos em canais e áreas internas, com suspeita de ligações clandestinas.

  • Armazenamento irregular de resíduos, inclusive infectantes.

  • Contaminação da Lagoa por esgoto clandestino.

  • Apenas 4 de 32 câmeras funcionando, gerando risco de furtos e incidentes.

  • Falhas graves no registro e microchipagem dos animais.

  • Dados inconsistentes no Sisfauna, sem atualização de nascimentos, óbitos e furtos.

O relatório conclui que há risco ambiental significativo, ameaça ao bem-estar animal e perigo potencial à saúde pública.

Quais órgãos terão de responder

O MPPB oficiou:

Semam-JP

Deve enviar um plano de ação com cronograma para corrigir falhas estruturais, restaurar o sistema de vigilância, regularizar manejo de resíduos e impedir entrada de animais domésticos.

Sudema

Deve informar se há monitoramento da contaminação hídrica e se serão adotadas medidas de responsabilização.

Vigilância Sanitária Municipal

Deve detalhar providências sanitárias já adotadas e riscos à saúde pública.

Administração da Bica

Precisa atualizar dados no Sisfauna, comprovar microchipagem, explicar a falha no sistema de câmeras, apresentar relatórios de manejo e planos emergenciais.

Cagepa

Informará se existem ligações clandestinas e despejos irregulares no parque ou entorno.

Sedurb

Deve apresentar diagnóstico completo das estruturas da Bica e um plano de obras emergenciais.

Cópia integral do relatório da Sudema também será enviada ao Neja/UFPB, que poderá se manifestar.

Caso recente reacendeu alerta: jovem morto por leoa

Além desse procedimento, o MPPB apura a morte de um jovem de 19 anos, com transtornos mentais, que entrou no recinto dos felinos e foi morto por uma leoa no último domingo (30/11).
A nova apuração vai verificar falhas de segurança, políticas públicas e normas de manejo.

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