A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta terça-feira, 8, mandado de busca e apreensão na Câmara dos Deputados em uma investigação que apura a atuação de organização criminosa acusada de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos de licitação no Ceará.
O Estadão apurou que o principal alvo é o deputado federal Júnior Mano (PSB-CE). A Polícia Federal fez buscas no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados, na residência oficial em Brasília e na sua casa no Ceará. Em nota, o deputado Júnior Mano afirmou não ter “qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos” (veja a nota na íntegra abaixo).
O deputado foi filiado ao PSB após ser expulso do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O senador Cid Gomes lançou, em fevereiro, o deputado Júnior Mano como candidato ao Senado em 2026. Em nota, o líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), afirmou que o partido espera que “todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa”.
A operação de hoje foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. O STF é a instância competente para investigar deputados federais.
A corporação cumpre, ao todo, 15 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. Eles estão sendo cumpridos em Brasília e em cinco municípios cearenses: Fortaleza, Nova Russas, Canindé e Baixio.
A investigação contou com apoio técnico da Controladoria-Geral da União (CGU).
De acordo com a investigação, os contratos desviados serviram para gerar recursos de caixa dois que financiaram campanhas eleitorais do grupo político em 2024. Por isso, a investigação apura suspeitas dos crimes de captação ilícita de votos e falsidade ideológica eleitoral.
Foi determinado o bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas, com o objetivo de interromper a movimentação de valores de origem ilícita e preservar ativos para eventual reparação aos cofres públicas.
A investigação teve início na Superintendência da Polícia Federal no Ceará a partir de denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos). Ela afirma que o esquema de desvio de emendas teria se alastrado por pelo menos 51 municípios cearenses.
Carlos Alberto Queiroz Pereira, o Bebeto do Choró (PSB), atualmente foragido, foi apontado como operador dos desvios. Ele ficaria encarregado de abordar gestores públicos e oferecer emendas de Júnior Mano em troca de uma comissão.
Os autos foram enviados ao Supremo após indícios de participação do deputado. As suspeitas levaram a PF a pedir a transferência do caso. No documento, os investigadores apontaram “envolvimento direto” do parlamentar nos desvios para “alimentar o esquema (de compra de votos) e consolidar sua base de apoio político”.
Deputado nega irregularidades
“O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.
Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta.”
Agendapb/msn-notícias